segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

040 > As prisões do AI-5

O assunto está na pauta há tempos, mas ninguém contava por inteiro a história! 
Apenas algumas referências, não dava para editar... 
O Charles até que contou a sua “não prisão”, a escapada para Minas Gerais (em 032 > Ativismo na Igreja de São Geraldo), que repito aqui:

. Perseguição e Desaparecimento – No final de 1968 houve um mandato de prisão para três do nosso grupo: eu, Perfeito e Emílio. Os dois foram presos juntamente com Caetano Veloso e Gilberto Gil. No momento em que estes dois integrantes do grupo de jovens eram presos, fui avisado de que eu seria o próximo, consegui fugir e fui trabalhar no interior de Minas Gerais.


Há poucos dias encontrei Antonio Valente, que lembrou que estava na São Geraldo quando “os homens” vieram, ficou de escrever sobre...
Eu vagamente lembro que cheguei na igreja e tinha acontecido. Conversas sussurradas, ambiente clandestino, acho que voltei disfarçadamente para casa...

Eis que o dia chegou e ia passando...: 13 de Dezembro!
Aí, o Mauricio mandou esta mensagem, em caixa alta:
HOJE FAZ 42 ANOS DO FAMIGERADO A.I. 5, DE TRISTÍSSIMA MEMÓRIA, QUE TANTO MARCOU O PAÍS, A NOSSA GERAÇÃO E A TURMA DE OLARIA. SOBREVIVEMOS E COM GRANDE DIGNIDADE.
FRATERNO ABRAÇO A TODOS OS AMIGOS/AS.

Então, é a hora!
Abaixo, um fragmento recuperado dos nossos e-mails: fala, Banzé!
E a feira de artesanato na Praça de Bonsucesso, do dia 13 de dezembro de 1968, sexta-feira, que coincidiu com a decretação do AI-5 às 18 h, quando Emílio e Perfeito foram presos ao sair da Igreja com as bugigangas que íamos vender?
O Cony e o Dori, acho que o Álvaro também, me avisaram para eu me mandar porque estavam procurando por mim. Até hoje não sei se isto era verdade ou não mas na dúvida arrumei a mochila e vim parar em Caeté.
Caramba! São muitas lembranças e eu só me vejo metido nos casos políticos deste grupo.
Somente as meninas visitaram Emílio e Perfeito na prisão porque era mais seguro, era assim que se falava e se falava baixo ao pé do ouvido com receio de alguém escutar. Que merda!

Em comentário no 031 > O curso do Artigo 99, Bandeira já lembrara:

 (...) a repressão do regime militar que se abateu sobre nós, de forma violenta, naquele final de 1968 ("O Ano que não terminou", leiam a obra do Zuenir Ventura!), com a edição do AI-5 e a prisão de Perfeito, Emílio (mais quem?), exatamente quando nos preparávamos para participar de uma feirinha na Praça das nações, em Bonsucesso, para angariarmos fundos para ajudar na compra de uma casa para uma senhora pobre que morava no hoje "Complexo do Alemão", em Olaria (lembro-me: estava voltando do Colégio Ferreira Viana, no famigerado Caxias-Praça da Bandeira, quando ouvi pelo rádio do ônibus que havia sido editado o AI-5, e ao chegar na Pça. das Nações, encontrei todo mundo assustado, com a notícia da prisão dos companheiros...)

É assunto para muitas mais versões e reflexões!
Volto a abrir o espaço à participação de todos...

Um comentário:

Carlos Alberto disse...

Amigo Guina, já passei um olhar sobre estes fatos. Como nos legou o grande Mario de Andrade, "....Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição." ....
Em minhas mão,saquei da mini-biblioteca, o livro de Paulo Francis "Trinta anos esta Noite", o seu testemunho do golpe de 1964, suas 3 prisões, o dia do AI-5, os que tombaram em 64, e que a história não seja contada apenas pelos vitoriosos. "Trinta Anos esta Noite - O que vi e vivi" - PauloFrancis. Vamos aguardar maiores detalhes dos nossos amigos.
Abçs.Carlos Alberto