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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

073 > As muitas artes de Derval


D. Quixote - Derval, 1970?
Pintura em madeira, 50x11cm
Há tempos que este blog está devendo um espaço para lembrar (e louvar!) um dos grandes artistas da turma de Olaria, o fotógrafo, pintor, escultor e muitos etcs...      Derval Nunes da Rosa.
A falha é maior porque, há alguns meses (quase um ano!), Derval entrou em contato enviando um comentário ao blog, que até hoje não foi publicado! Culpa minha, e me desculpo explicando o motivo, a princípio muito simples: em um pequeno texto, muitos assuntos!
A ideia era desmembrar os várias temas, só que outros assuntos foram tomando conta do blog e com isto o comentário foi ficando nos arquivos...
Pois é chegada a hora de publicá-lo!
E, com ele, as fotos que Derval enviou.
E também uma pintura, que fiz questão de guardar, que me parece muito próxima de um autorretrato...
Em outro momento, relembraremos mais histórias do Burrico e outras artes de suas artes, através de imagens de obras dos nossos acervos pessoais (enviem fotos!) ou da lembrança daquelas que se perderam. 
Dessas, lembro de uma, tão linda quão surpreendente...
Em maio de 1973, após viagem de carona (quase) ao Chile, eu e Soninha fomos acolhidos por Derval e Natália no apartamento-padrão de um conjunto residencial em Irajá, onde moraram pouco tempo. Nele, Derval praticou pintura mural, entre outras artes... E colocou, na parte interna da porta de entrada, uma maravilhosa mulher em tamanho natural, apenas o traço preto sobre o fundo cinza da porta. O detalhe incrível da pintura eram os trechos vazados de partes do corpo, passando o efeito visual de uma peça de cerâmica quebrada remontada contra a porta. Uma espécie de arqueologia artística do feminino, se me permitem inventar...

E agora o texto do Derval, de (lamento!) 16/10/2010...

Oi Guina, já se vão mais ou menos 20 anos desde a última vez que nos encontramos.Você estava cruzando os Estados Unidos de trem e nos encontramos numa plataforma em Denver para um rápido bate papo. Pela Natália eu soube do blog da turma de Olaria. Vasculhei o porão da casa e da memória em busca de lembranças que pudessem ser úteis na montagem dessas recordações. De material, pouco encontrei de fotografias, apenas 3 fotos. Uma antológica de um acampamento na casa de Petrópolis, em que a Reni se defende da investida do Bandeira fantasiado de Veado Real. E duas outras da inauguração da exposição de pinturas minhas e da Natalia em que aparecem a Reni, o Jesuíno, o Osvaldo, a Fátima, a Heloísa.
Fátima, Zuíno, Osvaldo e Derval
Se o que achei de material foi pouco, de lembranças foram muitas. Como não lembrar das tardes de sábado em Olaria, onde a vida ganhava um sentido mágico e tudo era possível, onde iríamos consertar o mundo, instaurar a justiça, dar um novo sentido à vida? Como não lembrar das idas e vindas por esse mundo afora, do por de sol em Ponta Negra, das estrelas do mar em Angra, do silêncio cantante de Petrópolis?
Derval, Reni, Clori e Heloísa
Aos poucos vamos remontando esse quebra cabeça afetivo. Por exemplo, ainda me lembro de um dos primeiros acampamentos que fizemos em Cabo Frio em um carnaval. Em que fizemos,um desfile de fantasias improvisado em baixo da varanda do Clube, que praticamente parou o baile pois todos vieram,para a varanda do Clube para assistir o desfile. Ainda me lembro que eu desfilei com a fantasia "Handel indo ao sótão estudar música escondido dos seus pais" e o Perfeito desfilou com uma exuberante fantasia de Jane Mansfield cujos seios eram duas cascas de coco verde. Isto há muito tempo, pois o Chico Buarque passeava pela praia com sua recente namorada Marieta Severo.
Outro momento inesquecível,foi o desfile em Angra, no qual Jesuino desfilou um maravilhoso "Mercador Oriental”.
E existiram também os acampamentos na Praia do Forno, em Arraial do Cabo. Num deles o Cipriano, coitado, se queimou tanto que teve que voltar correndo para Olaria. Onde nós íamos para o bar da cidade encher a cara e na volta tínhamos que passar pelo abismo da pedreira.
Dentro dos momentos políticos,ficou muito marcada na minha lembrança a manifestação pela reabertura da biblioteca de Olaria, quando, pela quantidade de policiais presentes, parecia que o grupo era uma séria ameaça ao governo.
Reni se defende do "Veado Real" Bandeira, em Petrópolis - foto Derval
Uma noite o Bandeira falou que seria ótimo se a gente alugasse uma casa grande para morarmos todos juntos. Pois aqui está a casa grande em que todos moraremos juntos nas nossas lembranças.
Abraços, Derval.

domingo, 3 de outubro de 2010

013 > A Orgia de Angra - I

Como se disse, há assunto a dar com pau!
Por exemplo, o antológico encontro de Angra dos Reis na Semana Santa de 1971 [pô, eu não fui!...], já citado em 008 > Angra dos Reis, Páscoa de 1971 (agora com nova redação, ainda à espera de identificação de personagens, vejam lá...).
Nos comentários a esta postagem, Luiz Cesar faz uma peroração (epa!) a favor de um relato detalhado (diria mesmo, insidioso...) dos acontecimentos.
Pois não é que um dos nossos maiores memorialistas, Luiz Antonio Bandeira, diretamente de seu exílio dourado nos altos badalos de Belém, se dispõe a contar tintim por tintim, para nosso deleite, tudo que aconteceu naquele histórico "retiro espirituoso"?!...
Aguardando comentários adiposos (mas focados, por favor...), com vocês, a série


A Orgia de Angra

Capítulo I

Semana Santa de 1971.
Após obtermos autorização do Bispo de Volta Redonda, o militante D. Valdir Calheiros, para ocuparmos a casa do seminário, em paradisíaca praia particular em Angra dos Reis, para realização de "retiro espiritual" (com roteiro de reuniões, leituras, reflexão, orações, celebração de missa e tudo mais, e que foi apresentado ao Bispo), iniciamos o planejamento daquela que foi uma das mais incríveis revoadas da Turma de Olaria, a essa altura já consorciada com a galera do IFCS.
Fez-se um orçamento das despesas coletivas com as 03 refeições que seriam preparadas em cada dia, a partir de um cardápio básico elaborado pelos mais experientes em assuntos de cozinha, cada um ficando líder de uma equipe de auxiliares, que em cada um dos 04 dias, prepararia as refeições (café da manhã requintado, com ovos fritos e lingüiça, etc, almoço e jantar) lavar louças e panelas e arrumar tudo, tendo sido realizado sorteio de escala de cada uma das equipes para cada dia de permanência (êta baita organização!).
Cardápio elaborado, orçamento estimativo concluído e coletada a contribuição de cada um, partiu-se para as compras de super mercado, no fusca de Biba, que também transportaria panelas, louças e demais apetrechos, devidamente pilotado por Biba.
Biba
No dia do deslocamento, todos se dirigiram para a Rodoviária Novo Rio, para seguir viagem de ônibus para Angra, enquanto as motorizadas, abastecido o fusca, dirigiram-se para a Vigor, indústria de laticínios, e não para a CCPL, onde trabalhava o Sr. Charles, pai do Charles filho, que prometera uma doação de iogurtes para o evento.

Chegando à porta da Vigor, devidamente paramentadas com túnicas, correntes no pescoço, anéis, pulseiras, tamanquinhos nos pés, bateu-se à porta da indústria, sem despertar "nenhum" estupor nos funcionários, que atônitos, queriam saber o que aquelas duas bichas pintosíssimas queriam, já irritadas pela demora no atendimento, peitando os guardas com as mãos nas cadeiras, alegando intimidades com o Sr. Charles, que os guardas recusavam-se a acreditar.
Eis que depois de muita discussão aparece na portaria, muito envergonhado, um Sr. Charles, por coincidência também funcionário da Vigor (como o outro da CCPL), quando as duas botaram as mãos na boca e gritaram: NÂO É  ESSE o Sr. CHARLES QUE PROCURAMOS!!!!!
Tarde demais, para o desolado Sr. Charles da Vigor, que se ainda existir deve carregar consigo o trauma do vexame passado, vítima de bulling por parte de toda a fábrica Vigor, pelo resto de sua existência funcional naquele estabelecimento fabril.

Bandeira.

sábado, 25 de setembro de 2010

008 > Angra dos Reis, Carnaval de 1971

Desfilando em grande estilo, Natália poderia ter sido forte candidata ao título de “Certinha de Olaria”, caso tivesse sido disputado (não fui, mas imagino que pelo menos isto não aconteceu...) neste famoso “retiro espirituoso” do feriadão do Carnaval de 1971, em Angra dos Reis. 


Ao alto da escada, o casal de pombinhos Hermínia e Gil (qual era mesmo o apelido deles?...); logo abaixo, concentradíssimos nas notícias, Ronaldo e Osvaldo; meio desanimados, (???) e Carlos; e, ao pé de todos, alguém que foi sumariamente cortado ao meio pelo fotógrafo (parece Derval). 
Ao que parece, a plateia não estava nem um pouco ligada no desfile da moçoila...




Estes encontros, que chamaria de “retiros espirituosos”, terão outros desdobramentos. 
Mas, pergunto, “retiros espirituosos” não seria uma muito suave definição para os nossos animados encontros em confortáveis e ociosos espaços que os padres tinham a coragem de nos emprestar?...