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sábado, 27 de novembro de 2010

034 > As ligações perigosas

O ap. da Comandante Vergueiro da Cruz era uma espécie de albergue da juventude (sem móveis), hotel de trânsito para gente alternativa que estava de viagem para algum lugar do universo (desde Sul do Brasil a algum mundo interior deles), alcova para as "riponguinhas" que eu pescava com 1 violão marrom (no MAM e proximidades) – Pernambuco dormiu muitas noites com as coleguinhas delas, pois às vezes eram 2...
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O ap. também serviu para a moçada da igreja passar 1 noite a conversar e, depois, dormir, como foi o caso de Caifás, Carlão, Zuíno, você mesmo, Guina, uma sueca que residia no Rio pelo intercâmbio internacional (não a que morava na residência do Bandeira), o companheiro dela (a essa altura já entravam os amigos, mais os amigos dos amigos...)... Já nem me lembro quantas pessoa mais lá passaram... Eu chegava a deixar a chave com convidados que conhecera na noite anterior, "de porre". Ia trabalhar e na hora do almoço passava para pegar a chave (os dorminhocos se levantavam sempre tarde...)!
ATÉ QUE UM DIA FUI ROUBADO (dormia lá regularmente um jovem que, segundo ele, precisava muito dum alojamento no bairro e do qual os larápios furtaram alguns bens, igualmente). Passei uns dias a remoer o sucedido. Tanto remoí que tomei uma decisão: PASSEI A NEGAR A ENTRADA À MAIORIA DA ESPÉCIE HUMANA...
A data é 1972. Pois foi neste ano que minha carteira profissional registrava-me como empregado da editora Bruguera (em Olaria), presumo que filial da conhecida BRUGUERA da Espanha (creio que a matriz sendo em Barcelona).
CARAMBA! E o Casé?
Também tinha o Pernambuco, que morava co'a mãe na Leopoldina Rego a 1 quadra ou 2, talvez, da Ig. S. Geraldo... Era menor, tinha talvez 15 anos, baixo, cabelo preto e andava muito comigo (quando morei em Olaria, à r Capitão Vergueiro da Cruz e eu ia aos subterrâneos da igreja conversar com os professores e jogar xadrez).
E a saga do CARLINHOS maoísta (parece que era do PC do B) que teria frequentado os mesmos subterrâneos e se suspeitou que era só para conquistar fiéis para o partido?... Lembro que se passou uma senha: não dar-lhe "bola" a fim de não aparecesse mais lá. No entanto, no início, quando ele começou a surgir por lá e fazer amigos, fez grande sucesso... No fim, deixou de frequentar o local...
E o companheiro do Casé que pertencia a uma organização da "pesada", que de vez em quando observava nossos jogos de xadrez? Uma vez foi em casa pedir que eu entrasse na organização, que precisavam de quadros, que faltavam quadros e eu poderia ajudar... coitado do Bonilha...
Ele emprestou-me o livro de Julius Fuchik sobre como driblar os torturadores enquanto sob tortura. Quase me "fodi" por isso porque, quando fui preso no Teatro Municipal do Rio, o livro estava em casa e podia servir de indício de militância – o que, convenhamos, não era muito saudável naquela época... Acho que os policiais estavam tão cheios de gente presa e a levar aos porões da ditadura, naquele dia, que deixaram de lado ou para depois a checagem de minha residência. Em realidade, enquanto me transportavam numa Kombi, um deles falou a outro que não deviam levar-me a certo lugar porque já havia outros prisioneiros lá – o que indica certa sobrecarga – ; também, falta de azeite na comunicação entre os policiais de campo e os órgãos policiais naquele dia? Quem sabe? Detiveram-me numa velha cadeiona da parte velha da cidade...
Mas voltemos ao amigo do Casé. Esse jovem era forte, loiro, de estatura mediana, creio que sua idade estava aí pelos 25 anos e falava articuladamente. Esqueci seu nome. De certa feita "saiu no braço" co'o Casé na minha frente, na sala do jogo de xadrez. Parece que Casé lhe pedira que não tentasse me aproximar de sua organização (o que ele fazia quando Casé não estava presente) e nesse dia Casé o pegou no "flagra". Mas foi mais uma briga de galo, cada 1 querendo só mostrar ao outro que falava sério: após uns 3 tapas ou socos mútuos pararam, um ameaçando o outro... Embora Casé fosse muito mais débil fisicamente, estudara uma luta oriental!
Talvez eu interprete erroneamente a causa da briga, mas me parece que sem o saber fui objeto de disputa política. Escrevo isso simplesmente, sem segundas intenções, consciente das relações que surgem entre pessoas como nós numa época como aquela. Claro que eu também, embora não organizadamente, tentava influenciar os amigos com minhas ideias! SERÁ QUE ALGUÉM NÃO O FAZIA?
Agora posso dizer: não ia à missa porque era AGNÓSTICO! Foi-me bastante difícil ser amigo de vocês e esconder isso. Quantas vezes Bandeira me convidou a ir ao culto e eu dava desculpas esfarrapadas? Isso desgastou minha relação com vocês porque a comunhão dos membros é importantíssima.
P. S. Agora sou crente (não protestante). E concluí que vocês faziam um "baita" trabalho.
                                                                                  ABRAÇÃO!
                                                                                                                 ‘BAUNILHA’

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

032 > Ativismo na Igreja de São Geraldo

Com iniciativa de Bandeira, esforço de Natália e contato de Guina, reaparece o Charles!
E ele envia seu depoimento:
MINHA ATIVIDADE EM 1968 E 1969 - GRUPO DE JOVENS DA IGREJA DE SÃO GERALDO
. Contexto Político – Em 15 de março de 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar. A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e seqüestram embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição armada. No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.
. Atuação no Movimento Estudantil do Rio de Janeiro – Eu era estudante da Universidade Santa Úrsula (USU) neste período e participava dos movimentos estudantis. Havia sido Presidente do Diretório da USU e tinha relações com a Juventude Universitária Católica (JUC). No fim do ano de 1968 me formei nesta universidade.
. Grupo de Jovens da Igreja de São Geraldo em Olaria – Esta Igreja, da responsabilidade de três padres espanhóis - Antônio (dirigente), Cipriano e Severiano (auxiliares) -, formara um grupo de jovens. A minha contribuição naquela ocasião foi a de proporcionar atividades que colaborassem na conscientização e engajamento da comunidade de Olaria na redemocratização do país.
. Algumas das Atividades – Jogral na barca Rio-Niterói. Peças teatrais na rua, segundo a metodologia do Teatro do Oprimido. Filmes “subversivos” passados na própria Igreja. Luta pela reabertura de uma biblioteca de Olaria. Palestras em outras igrejas. Viagem sem dinheiro e pedindo carona com Perfeito Fortuna até Montevidéu no Uruguai.
. Perseguição e Desaparecimento – No final de 1968 houve um mandato de prisão para três do nosso grupo: eu, Perfeito e Emílio. Os dois foram presos juntamente com Caetano Veloso e Gilberto Gil. No momento em que estes dois integrantes do grupo de jovens eram presos, fui avisado de que eu seria o próximo, consegui fugir e fui trabalhar no interior de Minas Gerais.
. Anos Depois – Soube que criaram um curso gratuito, fizeram viagens, os padres abandonaram o sacerdócio e se casaram, meu pai se tornou o chefe deste grupo, minha filha participou. Tive algum contato com: Perfeito, integrante do Asdrúbal e dono do Circo Voador; Emílio, que se tornou médico; José Antônio Bandeira, sociólogo; Fernanda, área/saúde.      
. Quem fui, sou e fiz – Tive três filhos: Demétrius (1970), Ulisses (1971) e Natasha (1974). Era para ter mais três. Desde 1983 convivo com Ana Luiza, tendo me casado com ela na Igreja Messiânica Mundial do Brasil em 1991.
Para maiores detalhes visite meu blog:
http://charles-cgf.blogspot.com
Charles Guimarães Filho

terça-feira, 5 de outubro de 2010

015 > Cronologia ou Caos!

Tantas histórias!
E tantas incertezas...
Então, proponho uma cronologia "basiquinha".
Vamos relembrar as datas dos grandes momentos da turma de Olaria?
Inicio com os que lembro (ou chuto...) e os que já informaram.
À medida que comentem, atualizo.

1965 >
? – encontros iniciais do grupo
1966 >
? – ida de Bandeira e Augusto à igreja de São Geraldo – comentário em 006 > Os primeiros registros
1967 >

Igreja de São Geraldo, Olaria, Rio,
vista do outro lado da ferrovia.
(autor desconhecido)
 
Novembro – ida a Niterói – em 006 > Os primeiros registros

1968 >
Dezembro – AI-5,  prisão
1969 >

? – festa na casa da Kika – em 011 > A festa na casa de Kika

1970 >

Janeiro – viagem a Foz do Iguaçu – em 001 > Viagem da turma de Olaria a Foz do Iguaçu

Fevereiro – viagem a Bahia [Derval e Perfeito]
Março / Semana Santa – Barra do Piraí
Julho – primeira viagem a Petrópolis
1971 >

Janeiro – viagem a Santa Catarina [Vendrami e Renato]

Carnaval ou Semana Santa? – Angra dos Reis
Carnaval – viagem a Salvador [Derval, Guina e + um...]
Abril / Semana Santa – Barra do Piraí
Julho – Barra do Piraí
1972 >
Carnaval – acampamento em Ponta Negra
? – Petrópolis
Novembro – Finados – Barra do Piraí
1973 >
Março a Junho – viagem (quase) ao Chile [Getúlio, Guina e Soninha]

Dúvidas cruéis: Afinal, quando foram a Angra?... Quando estreou Morte e Vida Severina?... 
Atualizações contínuas!