O ap. da Comandante Vergueiro da Cruz era uma espécie de albergue da juventude (sem móveis), hotel de trânsito para gente alternativa que estava de viagem para algum lugar do universo (desde Sul do Brasil a algum mundo interior deles), alcova para as "riponguinhas" que eu pescava com 1 violão marrom (no MAM e proximidades) – Pernambuco dormiu muitas noites com as coleguinhas delas, pois às vezes eram 2...
O ap. também serviu para a moçada da igreja passar 1 noite a conversar e, depois, dormir, como foi o caso de Caifás, Carlão, Zuíno, você mesmo, Guina, uma sueca que residia no Rio pelo intercâmbio internacional (não a que morava na residência do Bandeira), o companheiro dela (a essa altura já entravam os amigos, mais os amigos dos amigos...)... Já nem me lembro quantas pessoa mais lá passaram... Eu chegava a deixar a chave com convidados que conhecera na noite anterior, "de porre". Ia trabalhar e na hora do almoço passava para pegar a chave (os dorminhocos se levantavam sempre tarde...)!
ATÉ QUE UM DIA FUI ROUBADO (dormia lá regularmente um jovem que, segundo ele, precisava muito dum alojamento no bairro e do qual os larápios furtaram alguns bens, igualmente). Passei uns dias a remoer o sucedido. Tanto remoí que tomei uma decisão: PASSEI A NEGAR A ENTRADA À MAIORIA DA ESPÉCIE HUMANA...
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ATÉ QUE UM DIA FUI ROUBADO (dormia lá regularmente um jovem que, segundo ele, precisava muito dum alojamento no bairro e do qual os larápios furtaram alguns bens, igualmente). Passei uns dias a remoer o sucedido. Tanto remoí que tomei uma decisão: PASSEI A NEGAR A ENTRADA À MAIORIA DA ESPÉCIE HUMANA...
A data é 1972. Pois foi neste ano que minha carteira profissional registrava-me como empregado da editora Bruguera (em Olaria), presumo que filial da conhecida BRUGUERA da Espanha (creio que a matriz sendo em Barcelona).
CARAMBA! E o Casé?
Também tinha o Pernambuco, que morava co'a mãe na Leopoldina Rego a 1 quadra ou 2, talvez, da Ig. S. Geraldo... Era menor, tinha talvez 15 anos, baixo, cabelo preto e andava muito comigo (quando morei em Olaria, à r Capitão Vergueiro da Cruz e eu ia aos subterrâneos da igreja conversar com os professores e jogar xadrez).
Também tinha o Pernambuco, que morava co'a mãe na Leopoldina Rego a 1 quadra ou 2, talvez, da Ig. S. Geraldo... Era menor, tinha talvez 15 anos, baixo, cabelo preto e andava muito comigo (quando morei em Olaria, à r Capitão Vergueiro da Cruz e eu ia aos subterrâneos da igreja conversar com os professores e jogar xadrez).
E a saga do CARLINHOS maoísta (parece que era do PC do B) que teria frequentado os mesmos subterrâneos e se suspeitou que era só para conquistar fiéis para o partido?... Lembro que se passou uma senha: não dar-lhe "bola" a fim de não aparecesse mais lá. No entanto, no início, quando ele começou a surgir por lá e fazer amigos, fez grande sucesso... No fim, deixou de frequentar o local...
E o companheiro do Casé que pertencia a uma organização da "pesada", que de vez em quando observava nossos jogos de xadrez? Uma vez foi em casa pedir que eu entrasse na organização, que precisavam de quadros, que faltavam quadros e eu poderia ajudar... coitado do Bonilha...
Ele emprestou-me o livro de Julius Fuchik sobre como driblar os torturadores enquanto sob tortura. Quase me "fodi" por isso porque, quando fui preso no Teatro Municipal do Rio, o livro estava em casa e podia servir de indício de militância – o que, convenhamos, não era muito saudável naquela época... Acho que os policiais estavam tão cheios de gente presa e a levar aos porões da ditadura, naquele dia, que deixaram de lado ou para depois a checagem de minha residência. Em realidade, enquanto me transportavam numa Kombi, um deles falou a outro que não deviam levar-me a certo lugar porque já havia outros prisioneiros lá – o que indica certa sobrecarga – ; também, falta de azeite na comunicação entre os policiais de campo e os órgãos policiais naquele dia? Quem sabe? Detiveram-me numa velha cadeiona da parte velha da cidade...
Mas voltemos ao amigo do Casé. Esse jovem era forte, loiro, de estatura mediana, creio que sua idade estava aí pelos 25 anos e falava articuladamente. Esqueci seu nome. De certa feita "saiu no braço" co'o Casé na minha frente, na sala do jogo de xadrez. Parece que Casé lhe pedira que não tentasse me aproximar de sua organização (o que ele fazia quando Casé não estava presente) e nesse dia Casé o pegou no "flagra". Mas foi mais uma briga de galo, cada 1 querendo só mostrar ao outro que falava sério: após uns 3 tapas ou socos mútuos pararam, um ameaçando o outro... Embora Casé fosse muito mais débil fisicamente, estudara uma luta oriental!
Talvez eu interprete erroneamente a causa da briga, mas me parece que sem o saber fui objeto de disputa política. Escrevo isso simplesmente, sem segundas intenções, consciente das relações que surgem entre pessoas como nós numa época como aquela. Claro que eu também, embora não organizadamente, tentava influenciar os amigos com minhas ideias! SERÁ QUE ALGUÉM NÃO O FAZIA?
Agora posso dizer: não ia à missa porque era AGNÓSTICO! Foi-me bastante difícil ser amigo de vocês e esconder isso. Quantas vezes Bandeira me convidou a ir ao culto e eu dava desculpas esfarrapadas? Isso desgastou minha relação com vocês porque a comunhão dos membros é importantíssima.
P. S. Agora sou crente (não protestante). E concluí que vocês faziam um "baita" trabalho.
ABRAÇÃO!
‘BAUNILHA’
E o companheiro do Casé que pertencia a uma organização da "pesada", que de vez em quando observava nossos jogos de xadrez? Uma vez foi em casa pedir que eu entrasse na organização, que precisavam de quadros, que faltavam quadros e eu poderia ajudar... coitado do Bonilha...
Ele emprestou-me o livro de Julius Fuchik sobre como driblar os torturadores enquanto sob tortura. Quase me "fodi" por isso porque, quando fui preso no Teatro Municipal do Rio, o livro estava em casa e podia servir de indício de militância – o que, convenhamos, não era muito saudável naquela época... Acho que os policiais estavam tão cheios de gente presa e a levar aos porões da ditadura, naquele dia, que deixaram de lado ou para depois a checagem de minha residência. Em realidade, enquanto me transportavam numa Kombi, um deles falou a outro que não deviam levar-me a certo lugar porque já havia outros prisioneiros lá – o que indica certa sobrecarga – ; também, falta de azeite na comunicação entre os policiais de campo e os órgãos policiais naquele dia? Quem sabe? Detiveram-me numa velha cadeiona da parte velha da cidade...
Mas voltemos ao amigo do Casé. Esse jovem era forte, loiro, de estatura mediana, creio que sua idade estava aí pelos 25 anos e falava articuladamente. Esqueci seu nome. De certa feita "saiu no braço" co'o Casé na minha frente, na sala do jogo de xadrez. Parece que Casé lhe pedira que não tentasse me aproximar de sua organização (o que ele fazia quando Casé não estava presente) e nesse dia Casé o pegou no "flagra". Mas foi mais uma briga de galo, cada 1 querendo só mostrar ao outro que falava sério: após uns 3 tapas ou socos mútuos pararam, um ameaçando o outro... Embora Casé fosse muito mais débil fisicamente, estudara uma luta oriental!
Talvez eu interprete erroneamente a causa da briga, mas me parece que sem o saber fui objeto de disputa política. Escrevo isso simplesmente, sem segundas intenções, consciente das relações que surgem entre pessoas como nós numa época como aquela. Claro que eu também, embora não organizadamente, tentava influenciar os amigos com minhas ideias! SERÁ QUE ALGUÉM NÃO O FAZIA?
Agora posso dizer: não ia à missa porque era AGNÓSTICO! Foi-me bastante difícil ser amigo de vocês e esconder isso. Quantas vezes Bandeira me convidou a ir ao culto e eu dava desculpas esfarrapadas? Isso desgastou minha relação com vocês porque a comunhão dos membros é importantíssima.
P. S. Agora sou crente (não protestante). E concluí que vocês faziam um "baita" trabalho.
ABRAÇÃO!
‘BAUNILHA’
2 comentários:
Super!
Demais a descrição feita no nosso Blog do Aptº da Comandante Vergueiro da Cruz, que converteu-se no refúgio alternativo ao porão da igreja de São Geraldo, para os integrantes e aderentes, incluindo as diversas matizes de militantes ideológicos, que gravitavam naquele fantástico universo.
Esse apartamento foi,de certa forma engendrado por mim, para aliviar o sufoco da superlotação do apartamento de meus pais no IAPI da Penha, que vivia superlotado de meus amigos, a exemplo de Vendrami, recém saído da Ordem dos Franciscanos Menores e iniciando o curso de Ciências Sociais do IFCS, uma doce e suave Sueca chamada Ane Marie, que acolhi atendendo a um intercâmbio patrocinado pela Igreja do querdo José Ricardo Ramalho e seu pai, o querido Prof. Jether Ramalho, do IFCS, o Bonilha, o Alírio Heberardt, e muitos outros.
A descrição que o Bonilha faz é impecável, mas o mesmo refere-se a personagens que não me recordo, como o tal de Pernambuco. Alguém pode detalhar?
Aquela casa de bonecas (a lém da outra, do Caifáz, na Rua Silva e Souza, às margens da "Lagoa"), onde Natália e Derval foram morar após o "casamento bomba" (estilhaçou o relacionamento entre a mesma e o "Tinho", carinhoso tratamento que dávamos ao finado Renato do IAPI), também foi palco de muitas armações e transações, almoços e jantares pantagruélicos, que varavam a madrugada e amanheciam com a cozinha atulhada de louças e panelas para lavar, o que eu fazia com a maior paciência.
O mais interessante disso tudo é que não rolava nenhuma droga ilícita, apenas o álcool, para fazer a cabeça da moçada! Imagine se fosse nos dias atuais?
GUINA SAN:
CADA VEZ QUE ME ESCREVES, ME LEMBRO DE 1 LANCE DIFERENTE. Lembrei mais 1 lance.
Uma vez, "correu um papo", nas catacumbas da igreja, segundo o qual tu + Soninha teriam entrado no PC do B. Li sentimentos e exclamações de surpresa e dor em algumas pessoas da turma. Seguidamente, pôs-se a questão: o que fazer?
"DAR 1 GELO" em ti como fizeram com Carlinhos? Ouvi alguns nãos eloquentes. Logo o GUINA? Outra sugestão: esperar para ver se ficavam mesmo no partido.
Depois de uns dias de interrogações, esse rumor desapareceu. Não sei se deixaram de me informar ou se deixaram de falar de vocês.
Agora ouçamos o outro lado: TU!
PARÁGRAFO; DOIS PONTOS:
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