Estamos aqui dando prazerosas voltas sobre os nossos umbigos,
mas, de repente (ainda que mude o estilo das postagens),
temos uma oportunidade de (espero que interesse...)
ter uma ideia de como nos olhavam de fora.
Há dias, eu e Mauricio lembramos do Nílson, que saiu de Inhaúma, conheceu algo de Olaria e, simplificando muito, se tornou professor da UNIRIO (aqui em autorretrato desfocado, de seu site), a quem, às vezes, mando alguma divulgação.
Nilson Moraes |
Maurício, estaria com ele em um seminário da UERJ, e disse que falaria deste blog. Logo depois recebeu a mensagem que transcrevo abaixo, a qual, mais que um Comentário, talvez seja um bom assunto para nossos comentários...
Diz o Nílson para Mauricio: "Segue a msg que tinha escrito para o Guina, se você achar que faz algum sentido, pode mandar para ele. Chegar em casa é encontrar/inventar trabalho."
E envia a seguinte mensagem:
.
Pô, Guina, você ainda me mata do coração.
Suportei infarto, operação no coração, implante de marca passo, suportei a vida de professor,... mas a juventude nos anos 1970 em Olaria é muito especial.
Guina, você continua sendo referência e afeto especial. Sempre que vejo alguma msg tua fico movido pela esperança e pela certeza de boas notícias. Desta vez você foi portador de um encontro fantástico e de uma grande dor.
A primeira msg tua que recebi estava em Varsóvia, lá eu sempre penso intensamente em Olaria. Penso na Rua Uranos, no meu apartamento em cima do Cinema Santa Helena, na turma da pedra, no 484, no pão da Padaria Padroeiro/Alhambra ou Globo e no pessoal da Igreja São Geraldo... Em Varsóvia eu reinventei/resignifiquei o meu passado. Agora, estou no fim da fase do vai e vem (só resta uma viagem e ficarei livre deste compromisso). No ano passado, uma msg e o encontro com o Maurício Murad permitiu rever algumas pessoas na Cinelândia e no Maracangalha. Que orgulho ver o Manhães e você soltando a voz, a capacidade de sedução, produzindo alegria.
Mas, você sabe que desde 1999, o saguão de aeroporto passou a ser extensão da minha vida/cas e, recentemente, quando estava entre Espanha e Portugal outra msg me encontrou e fui convidado/motivado a acompanhar- com todo interesse- a série e os debates sobre “a foto-síntese” (o caso JK) de uma determinada conjuntura/evento/época. Pensei em escrever mas...
Não, eu não fui um menino da Turma de Olaria, eu morava e curtia o subúrbio. Eu ainda tenho uma visão fantasiosa e mágica do subúrbio. Na verdade, eu reivindico uma condição de cúmplice desta turma e deste tempo. A Turma de Olaria era uma referência afetiva/alegre, mas eu fui apenas um conhecido e identificado (ou encantado??!!) com o pessoal em suas angústias, comportamentos, construções políticas e culturais (principalmente). Vendo o blog fiquei emocionado em reconhecer e identificar diversas pessoas, um rápido passeio pela minha trajetória.
Em Varsóvia – fingindo que estava trabalhando e escrevendo pelo coração – pude – num evento sobre juventude na América Latina – abordar três coisas que acredito mágicas e desconhecidas na transição dos anos 1960/1970. O Principado (Tijuca), a turma da Igreja São Geraldo e a turma de Oswaldo Cruz. Era um olhar afetivo e científico. Que anos eram aqueles??!!
O Michel Misse até começou a falar sobre o Principado, mas parou. Mas eu acho que o pessoal de Olaria/Penha está por merecer uma reflexão mais contundente (este blog pode ser um ponto de partida). Quando trabalhava no Programa de Memória Social [UNIRIO] fiz um projeto denominado “Igreja São Geraldo: uma turma pela resistência e alegria”. Como sempre, ficou no meio do caminho ou na vontade.
A Adriana não podia fazer isso. Alguns poucos anos atrás dei de cara com Adriana na porta do meu Departamento, lá na Rua Frei Caneca. Batemos uns papos e nada dela falar de Olaria ou dela mesma. Foram uns três ou quatro encontros (sem nenhuma regularidade). Nossos papos foram sobre racionalidades médicas alternativas, homeopatia, Samuel Hahnemann (lá mesmo no Instituto Hahnemanniano) e um encontro, que marcamos (o único), sobre a História da Homeopatia no Brasil não aconteceu. Nunca mais dei de cara com Adriana. No início deste ano pensei em procurar por ela, mas também não procurei. A última vez que encontrei a Adriana achei tudo estranho, ela não trazia a exuberância e vivacidade (aparentemente inesgotáveis). Ela estava distante, séria e parecia mais velha. Pela primeira vez, reparei a existência de traços em seu rosto. Uma sensação de fragilidade chamou atenção. Prefiro me lembrar da alegria, inteligência e afetividade de Adriana.
Por essas e outra que confesso que a internet começa a me interessar.
Abraços e beijos em todos,
N. Moraes
3 comentários:
Guina,
Achei genial este contentario do Moraes sobre o Gr Ig S Geraldo,vc fez bem em coloca-lo no Blog, faz parte.
Aproveito para sugerir o Blog para o Fabio(sobrinho da Kika),afinal foi ele, indiretamente, que provocou este reencontro.
Bjs
Vera
Oi
Guina
Escrevi rápido(e sem pensar), de uma só vez, motivado pela emoção/alegria. A emoção começou em saber que eu não era o único a me lembrar com afeto e curiosidade daquelas pessoas/tempo (pessoas que pareciam saber e optar em viver longe daquelas relações e tempos brabos). Não tem o menor problema em publicar.
Uma coisinha, eu morei em Olaria (lá na Rua Uranos) até 23 anos. A minha presença em Inhaúma era culpa de uma paixão morena e incontrolável. O Maurício me perguntou e -agora- reorganizei a minha cabeça, o rapaz que fez o IFCS/História que você procurava não era o Eduardo Stotz( que trabalha na FIOCRUZ)?
Abraços e beijos em todos
N. Moraes
Não conheço todas as referências do Nílson, tais como o Principado e a turma de Oswaldo Cruz (embora tenha vivido a experiência de Inhaúma, que daria outro blog como este), mas dá pra ver que esteve sempre ligado nestes movimentos.
Por outro lado, agradeço seus elogios, tanto ao tema do fotojornalismo (que mantenho em blogs) quanto à presença no Maracangalha, bloco carnavalesco que sai no Humaitá, criado por colegas (Fiore, p.ex.) dos anos 70 no IFCS, de que fui coautor da "marcha-enredo" de 2010 (em http://www.youtube.com/watch?v=CuByCC5_cTw)
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