As fotos de Barra do Piraí (055 > Aleluia!... Ele ressuscitou!...) trouxeram de volta algumas figuras, agregados à turma de Olaria em sua fase final (vou citar em que fotos estão), também personagens desta história, que estou quase certo de que foi em 1971... Não lembro de tudo, mas algumas vivências pontuais não me saem mais da cabeça, a não ser para ir para o blog...
A viagem era quase um safári, a Rio-Santos ainda não estava completa, só ia até Angra. Não lembro bem, mas acho que fomos de trem (ou foi noutra viagem?) até Mangaratiba, onde íamos pegar a barca da Cia. de Navegação Sul Fluminense. Aí, o primeiro lance divertido...
Chegamos no meio da tarde, com o tempo nublado, um prenúncio... Passagens já compradas, esperando a barca, nos espalhamos pela praça em frente ao cais. Alguns dormiram na grama, entre eles o Getúlio (foto 14). Lá pelas 17h chega a barca, todo mundo se movimenta e o Getúlio pergunta: “Puxa, já é de manhã? Dormi tanto assim?”...
Deu a dica... De imediato, concordamos todos. Começou uma patética cena, em que fazíamos tudo para convencê-lo de que tinha dormindo a noite toda e que o dia recem nascera. Por exemplo, fomos com ele à padaria tomar o café da manhã... Aos poucos, Getúlio estranhou: “Mas, tá escurecendo...”.
Tivemos que explicar que naquela região, com o tempo nublado e tal... Em suma, era assim mesmo, apenas “parecia” que estava escurecendo... Aguentamos mais de uma hora, mas não teve jeito: escureceu mesmo e fomos pegar a barca. Acho que estavam neste “teatro”, além dos que citarei depois, a Adriana e, acho, o Cláudio Mateus.
A viagem de barca foi “brabera”!... No início, já escuro, foi divertido. Primeira parada, Abraão, na Ilha Grande. Depois, Angra dos Reis. A partir daí, altas horas, a grande travessia até Paraty...
Foi quando o tempo fechou geral, caiu uma tempestade total! Todos sentados na proa (à frente), na parte interna, em baixo. Foi um sufoco!... Um lugar apertado, escuridão quase total e a barca batendo contra as ondas, subindo e dando pancada, a água salgada respingando geral, cada onda parecia que atravessaria o vidro das pequenas escotilhas, que a barca ia ser invadida pelo mar... Em suma, um esquife marítimo que, impressionante!, não só não afundou, como aportou em Paraty, mas já depois da meia-noite.
Alguém tinha dado a ideia de atravessar a cidade e ir acampar na praia, acho que foi o Pedroca (foto 17), se é que ele estava nessa... Mas, ele daria esta ideia e, de qualquer modo, alguém deu... Aí, às 2h da manhã, estávamos armando barracas (duas, apertadas: dormi de cara para o plástico da parede...). Alguém (quem?) escolheu o local: bem no início da praia de Jabaquara (vi no GoogleMaps...), perto da foz de um riacho. Alguém ainda comentou algo sobre marés, só que a gente estava com um sono...
Nem bem o sol raiava, eis que a água do riacho (ou a do mar?) entrava solenemente pelas barracas, e foi um tal de acordar, tirar bagagens e se safar, que já animou o dia!...
A partir daí, tudo é Carnaval! Muita praia, umas biritas, entrar nos blocos de sujos, estava valendo a pena! Tanto é que todo mundo ia voltar no fim de semana seguinte.
Menos eu... Estava no meu primeiro emprego, uma revendedora de carros usados na Av. Brigadeiro, em Caxias, era algo como escriturário. E o Getúlio, que tinha também um emprego, não lembro qual. Então, tínhamos que sair de Paraty na 4ª-feira de Cinzas. Para não encarar a barca assustadora, armamos um esquema complicado (e caro): pegamos um ônibus, via Cunha, para Guaratinguetá, no vale do Paraíba do Sul, SP, e, foi só bater na rodoviária local, outro para o Rio.
Beleza!... A previsão era chegar lá pelas 11h da noite de 4ª-feira, dormir e ir trabalhar. Quando saímos de Paraty, o tempo estava ótimo, deu aquela dor de corno... Na viagem começou a chover, mas viemos bem. Às 22,30h estávamos na Av. Brasil, altura de São Cristóvão, em frente ao Sabão Portuguez e à Transportadora Lusitana, e agora realmente chovia muito... Conclusão: só chegamos à Rodoviária, uns 5km depois, às 7h da manhã!... O alagamento no Rio era geral, o que até foi uma boa desculpa para não ir trabalhar...
Já o pessoal que ainda estava em Paraty passou o maior perrengue!... O que lembro (e sei) é que a enchente foi total. O Elísio (fotos 14 e 17) parece que salvou gente que ia morrendo afogada. E para sair de lá e chegar ao Rio, ficou ruço!... A estrada para Cunha foi interditada por barreiras. Que eu lembre, das conversas posteriores, alguns vieram de barca, não sei quando. Mas, o Elísio, em uma fase realmente heroica, encarou a estrada, ainda de terra, até Angra dos Reis, que deve ter sido uma lameira só... E ainda veio comboiando a Ângela (fotos 11 e 14), que, aliás, era minha namorada à época, em um gesto altruísta que me deixou meio ressabiado, mas sem deixar de ficar agradecido ao amigo pelo desprendimento...
Quem mais estava nessa?...
Um comentário:
Fala Guina.
Só uma reparação: eu não estava nessa viagem, mas tenho quase certeza que o Casé estava (esse lapso serve, mais uma vez, pra justificar os cornos).
abçs,
Cláudio.
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